Na mitologia grega, a ninfa Eco foi amaldiçoada a falar as últimas palavras que as pessoas diziam. Ela não podia mais ter falas próprias.
Este mito, é surpreendentemente relevante como parábola para explicar alguns dos nossos comportamentos. Muitas vezes nos vemos ecoando as palavras dos outros e lentamente perdendo nossa identidade.
O Ecoísmo é a metáfora da morte do desejo próprio, do se perder de si mesmo e ressoar só o que é do outro.
O ecoísmo é o oposto de narcisismo, uma condição em que uma pessoa pode estar excessivamente preocupada com o bem-estar dos outros e negligencia suas próprias necessidades.
O mito de Eco e Narciso
A história de Eco e Narciso é uma antiga lenda da mitologia grega que conta sobre uma ninfa chamada Eco e um belo caçador chamado Narciso.
Eco, que tinha o dom da fala, foi amaldiçoada por Hera, esposa de Zeus, e passou a só conseguir repetir as últimas palavras das pessoas que encontrava. Isso a tornou solitária e incompreendida.
Um dia, ela encontra o jovem Narciso, um belo caçador que a despreza e a rejeita. Mais tarde, Narciso se depara com sua própria imagem refletida na água de uma fonte e fica completamente obcecado por sua beleza.
Ele se recusa a deixar o lugar e acaba morrendo ali, transformando-se em uma flor. Eco, que havia se apaixonado por Narciso, chora por ele até que seu corpo se desintegra, restando apenas sua voz repetindo as últimas palavras de Narciso.
Como Eco se manifesta em nós?
Durante a infância, quando a criança percebe que não é possível ter uma voz própria ou até mesmo uma identidade autêntica ela vai se calando e é a voz dos pais ou cuidadores que vão ecoando mais alto.
O senso de self genuíno é congelado e a pessoa se vê ecoando as palavras e ideias de outros, sem ter uma métrica ou crivo próprio. Quem ecoa está longe da criatividade e de si mesmo.
Está longe também dos seus desejos próprios, dos seus sonhos, do seu modo de pensar, de suas emoções, de suas escolhas... enfim, da sua autenticidade.
Fala-se o que os outros querem ouvir e nunca são compartilhadas as próprias opiniões e sentimentos, geralmente com o receio enraizado de não ser aceito por conta disso. Em vez disso, vivemos como meras sombras de nós mesmos, ecoando as palavras dos outros e perdendo nossa identidade única.
Embora possa ser um mecanismo de sobrevivência que nos permite desfrutar da convivência pacífica com quem nos cerca, dependendo da história de cada um, podem haver custos muito altos para este modo de estar no mundo, como por exemplo ser tragado para o universo patológico de alguém ou até de um grupo.
Ser eu mesmo
A individuação é um conceito proposto pelo psicólogo suíço Carl Jung, que se refere à busca do indivíduo por se tornar uma pessoa mais integrada. É um processo que envolve a integração de varias partes da personalidade, incluindo aquelas que foram reprimidas ou negligenciadas.
No contexto do ecoísmo, a individuação é importante porque se trata de encontrar um equilíbrio saudável entre a auto expressão e a consideração pelos outros. Ao contrário do narcisismo, que envolve uma obsessão com o próprio eu e imagem. No entanto, também pode levar à supressão da própria individualidade em detrimento dos outros.
A individuação pode ajudar a encontrar um equilíbrio saudável entre esses dois
extremos, permitindo que o indivíduo desenvolva uma consciência mais completa de si mesmo e, ao mesmo tempo, leve em consideração as necessidades e perspectivas dos outros. Isso pode ser alcançado através do autoconhecimento, da reflexão e do confronto com os aspectos sombrios da personalidade, em vez de projetá-los em outros.