Narcisismo patológico é um termo usado para descrever um distúrbio de personalidade caracterizado por ego excessivo, falta de empatia e uma necessidade constante de admiração. Embora algum grau de narcisismo seja comum em muitas pessoas, quando se torna patológico, pode levar a grandes dificuldades nos relacionamentos.
O Narcisismo Falado Hoje em Dia
O termo "narcisismo" tem sido cada vez mais utilizado em comunidades online de autoajuda como uma tentativa de definir um tipo de relacionamento abusivo ou comportamentos interpessoais que geram mais dor do que prazer.
Muitas vezes, as pessoas buscam essa definição para tentar entender a pessoa com a qual se relacionam ou a si mesmas.
A dinâmica de um relacionamento narcisista pode ser extremamente viciante, mesmo que seja claramente não gratificante.
Essa busca por compreensão e orientação é fundamental para ajudar as pessoas a encontrarem caminhos para uma vida mais adequada e autoral.
O que é o Narcisismo na Psicanálise?
Segundo a teoria psicanalítica, o narcisismo patológico é uma defesa psicológica que se desenvolve na infância como resultado de um ambiente emocionalmente negligente ou superestimulante.
Essa defesa se manifesta como uma necessidade de atenção e admiração, uma necessidade de controlar os outros e uma falta de empatia para com os sentimentos dos outros.
O narcisismo patológico também pode ser visto como uma tentativa de compensar sentimentos profundos de inadequação e baixa autoestima, o que leva o indivíduo a buscar constantemente reconhecimento e validação dos outros.
Essa necessidade de validação pode levar a comportamentos manipulativos e destrutivos em relacionamentos, bem como a dificuldades em lidar com a crítica e a rejeição.
Como a Psiquiatria vê o Narcisismo?
O Transtorno da Personalidade Narcisista (NPD) é um distúrbio psiquiátrico que afeta o modo como uma pessoa pensa, sente e se comporta e é caracterizado por uma preocupação excessiva com a auto-imagem, grandiosidade e falta de empatia pelos outros.
No DSM-5, o manual de diagnóstico e estatística dos transtornos mentais da Associação Americana de Psiquiatria (APA), o TPN é incluído no grupo dos transtornos de personalidade do Cluster B, juntamente com o Transtorno de Personalidade Antissocial, o Transtorno de Personalidade Borderline e o Transtorno de Personalidade Histriônica.
O diagnóstico de TPN é feito com base em critérios clínicos específicos, que incluem um padrão persistente de grandiosidade, necessidade de admiração e falta de empatia, que se manifesta em diversas áreas da vida da pessoa, como trabalho, relacionamentos e lazer. Além disso, o diagnóstico requer que esses traços de personalidade causem sofrimento ou prejuízo significativo para a pessoa ou para os outros.
O que Freud dizia sobre o Narcisismo?
Sigmund Freud teve um papel fundamental no desenvolvimento do conceito de narcisismo. Em seu trabalho "Introdução ao narcisismo" (1914), Freud introduziu o termo "narcisismo" para descrever a tendência humana natural de se amar e se preocupar consigo mesmo.
Ele argumentou que essa tendência era uma parte normal e necessária do desenvolvimento humano, e que permitia às pessoas construir uma autoimagem positiva e desenvolver uma autoestima saudável.
No entanto, Freud também identificou uma forma patológica de narcisismo, que ele chamou de "narcisismo secundário". Ele descreveu essa forma de narcisismo como uma condição em que a pessoa dirige sua energia psíquica para si mesma, em vez de direcioná-la para o mundo externo e para outras pessoas.
Isso pode levar a uma incapacidade de estabelecer vínculos saudáveis com outras pessoas e a uma falta de empatia pelos outros.
Freud também desenvolveu a teoria de que o narcisismo é uma fase normal do desenvolvimento infantil, que ocorre quando a criança está aprendendo a reconhecer a si mesma como um ser separado dos outros.
Nesta fase, a criança é extremamente egocêntrica e se preocupa principalmente consigo mesma. Com o tempo, a criança desenvolve a capacidade de se relacionar com outras pessoas e de se preocupar com seus sentimentos e necessidades.
Em resumo, Freud acreditava que o narcisismo era uma parte normal do desenvolvimento humano, mas que em excesso ou de forma patológica, poderia levar a problemas significativos de relacionamento e de funcionamento psicológico.
Narcisismo e egocentrismo, é tudo a mesma coisa?
O egocentrismo é uma característica comum no desenvolvimento infantil, que se refere à tendência da criança de ver o mundo apenas a partir de sua própria perspectiva, sem levar em consideração as perspectivas dos outros.
O egocentrismo infantil é uma fase normal e saudável do desenvolvimento, que geralmente diminui à medida que a criança cresce e adquire mais habilidades sociais e cognitivas.
O narcisismo, por outro lado, é um traço de personalidade que se caracteriza por uma preocupação excessiva com a imagem de si mesmo, o amor-próprio e a necessidade de admiração dos outros.
Os indivíduos com traços narcisistas podem se comportar de forma arrogante, manipuladora e insensível aos outros, e podem ter dificuldade em formar relacionamentos profundos e significativos.
Qual é a gênese do narcisismo?
Um fator comum no desenvolvimento do narcisismo patológico é a falta de espelhamento adequado durante a infância. O espelhamento refere-se ao processo pelo qual os cuidadores refletem de volta para a criança uma imagem suficientemente precisa e consistente dela.
Quando uma criança recebe espelhamento consistente e seguro, ela desenvolve uma autoestima e autoamor saudáveis. No entanto, se os cuidadores da criança não forem capazes ou não quiserem fornecer esse espelhamento, a criança pode desenvolver uma imagem distorcida de si mesma, levando a uma necessidade excessiva de validação e atenção externa.
"O desejo de ser visto e reconhecido é o desejo de ser, de ter uma existência válida, e é tão fundamental quanto o desejo de comida, abrigo e segurança física. O amor próprio é uma necessidade fundamental da vida e é, em si, um recurso para a vida. O problema não é o amor próprio, mas sim o desequilíbrio e o excesso que o tornam patológico." Neville Symington
Quais são os sintomas do narcisismo patológico?
Na verdade não são bem sintomas, sendo que estes podem ir e vir. No caso do TPN pode se observar padrões de personalidade que são fixos.
O transtorno de personalidade narcisista é caracterizado por um padrão generalizado de grandiosidade, necessidade de admiração e falta de empatia que começa no início da idade adulta e está presente em uma variedade de contextos.
Alguns dos traços do narcisismo patológico incluem:
Sentimento de superioridade e grandiosidade: uma crença exagerada na própria importância e habilidades, e uma tendência a se sentir superior a outras pessoas.
Fantasias de sucesso, poder e beleza: um forte desejo de ser admirado e reconhecido pelos outros, e uma tendência a fantasiar sobre conquistas, fama e poder.
Necessidade de admiração constante: um forte desejo de atenção, elogios e admiração dos outros, e uma tendência a buscar constantemente validação externa.
Falta de empatia: uma incapacidade de se colocar no lugar dos outros e compreender seus sentimentos e necessidades, bem como uma tendência a explorar e usar os outros para obter seus próprios objetivos.
Arrogância e comportamento autoritário: uma atitude de superioridade e desprezo pelos outros, e uma tendência a ser rude, agressivo e hostil quando contrariado ou criticado.
Inveja e ciúme: uma tendência a sentir inveja e ciúme dos outros, especialmente aqueles que são vistos como tendo mais sucesso, reconhecimento ou poder.
É importante notar que esses sintomas podem variar em intensidade e que não é necessário ter todos eles para receber um diagnóstico de transtorno de personalidade narcisista. O diagnóstico requer uma avaliação profissional por um psicólogo ou psiquiatra qualificado.
De onde veio essa história de narcisismo?
A palavra "narcisista" tem origem na mitologia grega, a partir do mito de Narciso. De acordo com a lenda, Narciso era um jovem muito bonito que despertou o amor de muitas pessoas, mas que rejeitava todos os pretendentes.
Um dia, Narciso viu sua própria imagem refletida na água de um lago e ficou tão fascinado com sua beleza que se apaixonou por sua própria imagem. Incapaz de se afastar do reflexo, Narciso acabou se afogando no lago e se transformando em uma flor.
O mito de Narciso é frequentemente usado para simbolizar a fixação excessiva na própria imagem e na beleza, e a falta de atenção às necessidades e perspectivas dos outros.
É por isso que o termo "narcisista" é frequentemente usado para descrever pessoas que têm um amor-próprio exagerado, uma necessidade de admiração e uma falta de empatia e consideração pelos outros.
A partir da psicanálise, o termo "narcisismo" passou a ser usado para se referir a um conjunto de traços de personalidade que se caracterizam por uma preocupação excessiva com a própria imagem e uma falta de consideração pelos outros.
Os exemplos de narcisistas que podemos ver no cinema
Aqui estão alguns exemplos de personagens do cinema que são frequentemente considerados como tendo características de narcisismo patológico:
Patrick Bateman em "Psicopata Americano" (2000) interpretado por Christian Bale
Miranda Priestly em "O Diabo Veste Prada" (2006) interpretado por Meryl Streep
Tony Stark em "Homem de Ferro" (2008) interpretado por Robert Downey Jr.
Jordan Belfort em "O Lobo de Wall Street" (2013) interpretado por Leonardo DiCaprio
Gordon Gekko em "Wall Street" (1987) interpretado por Michael Douglas
Regina George em "Meninas Malvadas" (2004) interpretado por Rachel McAdams
Dorian Gray em "O Retrato de Dorian Gray" (2009) interpretado por Ben Barnes
Daniel Cleaver em "O Diário de Bridget Jones" (2001) interpretado por Hugh Grant
Freddie Miles em "O Talentoso Ripley" (1999) interpretado por Philip Seymour Hoffman
Draco Malfoy em "Harry Potter" (2001-2011) interpretado por Tom Felton.
No entanto, é importante lembrar que esses personagens são ficcionais e não devem ser usados como modelos ou exemplos da vida real de pessoas com transtorno de personalidade narcisista.
Qual o tipo de abuso se sofre em uma relação narcisista?
O narcisista é capaz de punir qualquer pessoa que ameace sua autoimagem, mesmo que isso signifique simplesmente existir sem precisar dele.
Qualquer ação que possa desafiar a sua visão grandiosa de si mesmo pode ser interpretada como uma ameaça e desencadear uma punição, muitas vezes sutil e velada.
Um narcisista pode abusar de várias formas, seja emocional, psicológica, física ou sexualmente. O abuso emocional é uma das formas mais comuns, acontece quando o narcisista frequentemente ridiculariza, menospreza e desvaloriza o parceiro ou qualquer outra pessoa que não esteja de acordo com suas expectativas grandiosas.
O narcisista também pode manipular e controlar as pessoas em sua vida, muitas vezes por meio de jogos mentais e gaslighting.
Eles podem impor suas próprias necessidades e desejos acima dos demais, não se importando com as consequências que isso possa ter para os outros. O narcisista também pode ser propenso a explosões de raiva e comportamento agressivo, incluindo violência física e sexual.
Todas essas formas de abuso têm em comum a falta de empatia e consideração pelos pessoas, o que pode ser extremamente prejudicial para a saúde mental e emocional dos que convivem com o narcisista.